Ataques de Bolsonaro resultam em inusitada articulação entre Barroso e Gilmar Mendes

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O presidente Bolsonaro conseguiu o improvável no Supremo Tribunal Federal (STF): colocar os ministros Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso do mesmo lado. A resposta efetiva aos ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral, que abrange a abertura de um inquérito administrativo e a inclusão do presidente na investigação sobre fake news, foi gestada também pela inusitada articulação de Gilmar e Barroso.

Desde que Bolsonaro aumentou o tom e passou a mirar diretamente Barroso, Gilmar vinha defendendo que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) abrisse uma ação para que Bolsonaro respondesse pelos ataques que profere à legitimidade das eleições. Ele falou sobre essa iniciativa diretamente com Barroso, que preside a corte eleitoral. Segundo interlocutores de Barroso, em um primeiro momento ele resistiu à ideia, mas com a escalada dos ataques, se convenceu de que esse seria o melhor caminho. Barroso e Gilmar já protagonizaram uma série de divergências na Suprema corte.

A avaliação de ministros do STF é que o inquérito administrativo tem poucas chances de resultar em efeitos práticos que impeçam Bolsonaro de concorrer em 2022, mas “cria um clima de responsabilização” sobre os atos de autoridades. Além de Bolsonaro, a corte busca dar um recado ao ministro da Justiça, Anderson Torres, que terá que prestar depoimento à Polícia Federal na investigação contra o presidente por disseminar notícias falsas.

Torres participou da live em que Bolsonaro fez ataques às urnas eletrônicas e aos ministros da Corte veiculada na semana passada. Na prática Torres, que é delgado, vai se submeter ao crivo do órgão que é hierarquicamente subordinado ao seu próprio ministério.

A expectativa entre os magistrados é que integrantes do governo pensem duas vezes antes de embarcar nos ataques que Bolsonaro faz ao sistema eleitoral e à democracia brasileira.

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