Brasileira de Ibitinga reencontra filhos mais de 25 anos após pai falsificar assinatura e fugir com eles para o Líbano: ‘Momentos maravilhosos’
Vagna Bandeira Abbas havia visto seu filho mais novo apenas uma vez desde que o ex-marido o levou para o Líbano, em 1997. Reencontro aconteceu na quarta-feira (5), em Ibitinga (SP).
Há 27 anos, a brasileira Vagna Bandeira Abbas vivia o desespero de perceber que seus filhos estavam a mais de 10 mil quilômetros de distância de sua casa, em Ibitinga, no interior de São Paulo. Levados sem sua autorização pelo ex-marido, Atef Abbas, Hamzé e Bilal cresceram na casa dos avós paternos em Beirute, no Líbano.
Na quarta-feira (5), o tão sonhado reencontro aconteceu. O g1 conversou com a mãe e relembrou o caso, que chegou a ser noticiado no Jornal Nacional na época.
Plano de fuga
Vagna havia visto seu filho mais novo apenas uma vez desde que seu ex-marido o levou para o Líbano, contra sua vontade e sem seu consentimento, no dia 13 de junho de 1997.
Após cinco anos de casamento e dois meses depois do pedido de separação, Atef Abbas retornou a Ibitinga para visitar seus filhos Bilal, de apenas quatro anos, e Hamzé, de nove meses. Vagna conta que as visitas eram frequentes, pois, na época, ele estava construindo sua casa no município.
O plano de fuga foi disfarçado de uma reclamação de dor de cabeça e ida a uma farmácia com as crianças. Dalí, elas foram levadas de táxi até São Paulo (SP) e, com uma assinatura falsificada que o permitiu emitir o passaporte, partiram em um avião rumo ao Líbano.
Vagna conta que a suspeita de que algo estava errado surgiu diante da indiferença de seu cunhado ao saber do sumiço das crianças. Em ligação de telefone após a confirmação de que seus filhos estavam em Beirute, ela ouviu Atef afirmar que seus filhos estavam bem, mas que ela não poderia mais vê-los.
Em entrevista à TV Modelo (antiga TV TEM) na época, a mãe compartilhou gravações telefônicas com o ex-companheiro: “Você nem pode pisar aqui, você vai ser deportada na mesma hora”, afirmou Atef.
A partir de então, Vagna iniciou uma batalha judicial para trazer seus filhos de volta ao Brasil.
Mobilização nacional
Diante da situação, ela precisou analisar todas as alternativas. Chegou a pedir ajuda para os pais de Atef, seus sogros, que abrigavam seus filhos em Beirute, mas foi chantageada por telefone; procurou advogados, foi até o Líbano e fez greve de fome na Embaixada do Brasil no país, mas só conseguiu rápidos encontros com os meninos, em 1998.
O reencontro
Após 27 anos de espera, a mãe que teve seus filhos levados pelo próprio pai pôde, enfim, viver o tão sonhado reencontro. Na quarta-feira (5), por volta das 5h, Vagna abraçou seu filho Hamzé pela primeira vez desde 1998: “Foi emocionante”, conta a mãe.
Em entrevista ao g1, ela explicou que o encontro só foi possível pois Bilal, o irmão mais velho, esteve presente para ajudar na tradução, já que Hamzé seguiu morando no Líbano e não retornou ao Brasil desde então.
“Têm sido momentos maravilhosos, estamos resolvendo documentos e a maior parte do tempo ficamos em casa. Eles são muito amorosos, educados e alegres”, relata a mãe.
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